23 julho, 2012

Farinha do Mesmo Saco



FARINHA DO MESMO SACO






Uma parte significativa da actual geração de líderes políticos está marcada por algumas características comuns, tais como: pertenceram às Juventudes partidárias (vulgo Jotas) e fizeram toda a sua carreira académica (?) e profissional (?) na política, sob a política, ao lado da política, dentro da política.


José Sócrates, Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas e António José Seguro são os expoentes deste modus vivendi, embora haja muitos mais. São todos farinha do mesmo saco.

Estes indivíduos fizeram carreira nas Jotas, frequentemente alcandorando-se a lugares nas associações estudantis e académicas, que potenciam a carreira na Jota e vice-versa. Este círculo virtuoso (para eles), se for bem conduzido e apadrinhado poderá levá-los às direcções nacionais das Jotas. Uma vez lá, o caminho está aberto para serem deputados, assessores e adjuntos de membros do Governo e membros de órgãos nacionais do partido. Entretanto, já terão há muito aderido à facção conjunturalmente dominante no partido, ou à sua mais forte alternativa. Ponto importante no processo é garantir um padrinho, seja ele uma figura importante no aparelho do partido, ou uma facção do mesmo.


A partir deste ponto, a criatura está devidamente entrincheirada no circuito político-partidário e criadas as condições para que a sua presença nele se eternize.


É evidente que as coisas podem correr mal. O caso mais clássico é a aposta no cavalo errado, que pode levar a uma morte súbita. No entanto, estes jovens apparatchiks são mestres na arte do “Morreu o Rei, Viva o Rei”, ou mais coloquialmente no vira-casaquismo, que praticam despudoradamente.


Nesta altura, alguns descobrem que o canudo, o Dr., o Eng. dão muito jeito. Ir a uma conferência partidária com o Dr. Fulano, o Arquitecto Beltrano e o simples Sr. Sicrano, fica muito mal perante as bases, os media e o público. Como o jeito, a vocação, a pachorra e, possivelmente, a capacidade não abundam e como não há a mais remota intenção de utilizar os conhecimentos supostamente adquiridos nos estudos, vale tudo para se deitar a mão ao dito diploma. Daí as trapalhadas em que os pequenos se envolvem quando são descobertos.


Finalmente, como nada mais fizeram na vida senão política (essencialmente) partidária são frequentemente incapazes de exercer qualquer outra actividade na vida. Por isso, quando há cargos em disputa, ou quando estão na iminência de ficar sem cargo (por exemplo, aquando da feitura das listas de deputados), as criaturas, como quaisquer outras, lutam pela sobrevivência e são capazes de vender pai e mãe para garantir o salvífico lugarzito.


Desenganem-se quando algum dentre eles é visto a ocupar funções doutra natureza. O mais certo é o lugar em causa ter sido arranjado pelo padrinho ou de outras conexões partidárias, para que o apparatchik se afaste dos holofotes por uns tempos, aconchegue a conta pessoal, ou fique a marinar à espera de melhor oportunidade.


O pior de tudo, é que esta falange de políticos não tem especiais qualificações para o exercício da Política e do serviço público. Pelo contrário, tais são conceitos que lhes passam ao lado. Isto porque, o seu treino e formação é na política subterrânea, nos conluios, nas conspirações, nas trocas de favores, na feitura opaca de listas, na troca de informações e coscuvilhices, na promiscuidade com os media, nas negociatas, na vanitas vanitatum.


Não têm visão estratégica, não têm convicções, são desprovidos de princípios, falta-lhes sentido de estado e não têm espírito de serviço público. Em resumo, são parasitas do aparelho de estado à custa do qual vivem, do qual dependem em absoluto e ao qual nada de útil dão em troca.


Se pensarmos no que nos custa o proveito destas criaturas, se pensarmos no mal que fizeram, fazem e farão a Portugal e aos Portugueses em troca do seu benefício e vaidade pessoal, facilmente concluiremos que não passam de uns vermes. Bem sucedidos, mas mesmo assim vermes.


NOTA: Este texto visa retratar uma realidade da política partidária portuguesa. Tal não significa, contudo, que não haja excepções. Infelizmente são poucas e cada vez menos significativas.

APÊNDICE:

A Farinha é do mesmo saco e é a mesma farinha. As caras, essas variam:

Relvas




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sócrates

 Seguro


Coelho


12 comentários:

Defreitas disse...

Demolidor mas quanto justo, o seu "post" Caro Sr. Miguel Ribeiro!

Por candura, inadvertência, ou pior, por ignorância política crassa, os povos oferecem-se sem limites aos seus futuros coveiros. Que os precipitam no caos, numa total impunidade.

Na tragédia actual, cada cidadão tem a sua parte de responsabilidade. Na euforia da alternância, a consciência colectiva não desconfia dela mesma, sempre pronta a perdoar o passado de uns e a “vestir” os outros do alvo manto da pureza ...das intenções.

Na realidade ,os políticos de todos os horizontes políticos, autênticos coveiros das nações, têm as mãos libres que lhes proporciona o liberalismo que domina o mundo.

Por razoes de bom senso e de decência, toda esta categoria de indivíduos, qualquer que seja a cor política à qual pertencem, deveria ser afastada sistematicamente e definitivamente, e interdita de se apresentar ao sufrágio dos eleitores.

No dia em que os cidadãos cessarão de elevar estes indivíduos ao rank de ídolos, de leaders carismáticos ou de messias, sobre a base de simples discursos ou exibições teatrais fora do terreno da pratica, talvez seja possível evitar situações como aquela que se vive actualmente , onde todo um pais foi posto de joelhos por falta de recursos necessários ao seu desenvolvimento.

O que me leva a pensar que os povos dos países ocidentais precisam também duma primavera renovadora. Diferente, claro, porque estes consagraram as liberdades e os Direitos do Homem nos textos como na prática. Mas, mesmo se se vive melhor e num conforto superior ao dos países árabes, os contrastes são numerosos e escandalosos.

A promiscuidade entre os políticos e a finança, permitiu a esta de realizar benefícios gigantescos, correndo riscos incríveis, para finalmente reduzir à pobreza milhões de pessoas e empurrar para o desemprego milhões doutras.

Estes dirigentes ocidentais, estes políticos da sua galeria , simples “amostras” da realidade, estes grandes democratas que em longas campanhas eleitorais prometem a transparência e a moralização da vida política, mas ao mesmo tempo recebem na “arrière-boutique” o dinheiro para financiar as campanhas e a promessa de “bónus” em posições de comando com muito “sumo”, esquecem rapidamente as promessas, para se transformarem em lacaios do sistema, atacando os mais fracos, os desfavorecidos e aqueles que trabalham duma maneira geral.

Basta de manter a corrupção erigida em sistema de governança.

Quando vejo a galeria dos retratos do seu “post” , não posso deixar de pensar nas palavras de Saint Just : “ As instituições são a garantia do governo dum povo libre contra a corrupção e a garantia do povo e do cidadão contra a corrupção do governo “ !

Freitas Pereira


PS) Sorry, my "post" is a little bit too long !





.

Sérgio Lira disse...

Rui, desculpa pontuar, mas acho devido: são, de facto, farinha do mesmo saco - mas alguma está mais fétida que outra, por demasiada exposição à humidade e a organismos microbiológicos (vulgo: poder, corrupção, calhordice). Dentre eles acho justo deslindar a chamada por alguém "nata da merda" que é - se possível - ainda mais fétida, mais repugnante, mais vil, mais abjecta, mais preniciosa que a generalidade. É fácil de saber ao que me refiro, não é? pois...........

Alberto Martins disse...

Prof. Rui Miguel

Geração simplesmente apressada.

Lavrar, semear, adubar, ceifar, malhar, moer, amassar, fingir, cozer e finalmente degustar calmamente ... necessita de tempo e principalmente trabalho.

Que saudades dele bem cozido, fresco e estaladiço.

Defreitas disse...

http://www.guidetolebanon.com


Um acidente informàtico eliminou o seu endereço e-mail dos meus contactos. Pensei que talvez gostasse de ver este documento sobre esse pais em perigo, mais que nunca, o Libano.

Cumprimentos

Freitas Pereira

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro Sr. Freitas Pereira,

Não, o seu comentário não é demasiado longo. É, isso sim, muito interessante.
É verdade que as nossas democracias precisavam de uma Primavera regeneradora, mas tal é uma tarefa equivalente à limpeza dos estábulos de Augias. Infelizmente, Hércules não deve estar disponível para limpar a nossa porcaria....

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sim Sérgio, é fácil. É aquele cuja foto está desalinhada (por dificuldades de edição). E é correcto.
Contudo, aqui eu quis traçar uma tipologia de político português com um determinado percurso pela trilha partidária. Nisso são semelhantes. A dimensão da incompetência ou má-fé e dos respectivos estragos, essa é variável (entre o mau e o péssimo).

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro Alberto,

Está numa onda de genialidade. Fantástico comentário, perfeitamente embuído do espírito do post. Obrigado.

Anónimo disse...

Boa tarde, amigo Doutor Rui

Lamento muito, mas não concordo consigo. NÃO! Ou então, não viu/ouviu as declarações do PM. "...que se lixem as eleições! O que interessa é Portugal!..." Não é bonito? Isto sim, que é o verdadeiro apelo às "massas". Isto é farinha extra superior! Hummm.....não era este o slogan de Salazar e de Hitler? Não mandaram "às urtigas" a vontade popular, indigente e ignorante, sendo que eles, sim senhor, é que eram os macrocéfalos da política e destino das respectivas Nações? Até podia dormir mais tranquila (dizem que um bom sono, além de revigorante, é bom para a beleza!) e passar a usar a cabeça só para mudar de penteado. Mas daí advém outro problema: sem preocupações, engordo. E engordar, além de não ser saudável, é quase tão prejudicial como ter alguém a pensar e a decidir o que é melhor para nós sem o nosso consentimento legal e constitucional. Não que eu o tivesse dado, mas como democrata que sou, tenho que acatar a decisão da maioria que, espero eu, esteja bem arrependida por ter votado num partido nacional e estar a ser governado por uma "matrona madrinhoska" estrangeira. Será que o PM estava a pensar em saneá-la e, num rasgo patriótico decidiu que "O QUE É NACIONAL É BOM"? As dúvidas assaltam-me... não é Natal, não faço anos, humm... a esmola é grande!
Dei cá comigo a pensar (enquanto posso!): será que o PM não quererá também ser um dia eleito "Figura da História"? Se as figuras tristes contarem, já está no Guiness!

Adorei (pelo caminho que levamos, bem vamos precisar de semear milho no jardim, pôr os moinhos a funcionar e conhecer um padeiro a sério!). Beijinhos

Estella

Rui Miguel Ribeiro disse...

Estella,

SE a ASAE funcionasse nesta área, esta farinha já teria sido toda apreendida e destruída.
Mas não. Pensando pela sua cabeça ou marionetas do exterior, esta farinha só lucra e só nos traz miséria.

Eduardo Ferreira disse...

Rui Miguel,
Embora concorde com o mote, parece-me que o teu post peca por excesso... corres o risco de deitar fora a água e a criança!
Pese embora teres incluído a figura mais "folclórica" deste governo, associaste o "fermento" do problema com a "redução" do problema e ainda a "o canto da sereia" do problema... como és inteligente saberás identificar cada um dos personagens "entre aspas"!

Eduardo Ferreira disse...

Rui Miguel,
Embora concorde com o mote, parece-me que o teu post peca por excesso... corres o risco de deitar fora a água e a criança!
Pese embora teres incluído a figura mais "folclórica" deste governo, associaste o "fermento" do problema com a "redução" do problema e ainda a "o canto da sereia" do problema... como és inteligente saberás identificar cada um dos personagens "entre aspas"!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Eduardo,

Tal como refiro na resposta ao Sérgio "aqui eu quis traçar uma tipologia de político português com um determinado percurso pela trilha partidária. Nisso são semelhantes. A dimensão da incompetência ou má-fé e dos respectivos estragos, essa é variável (entre o mau e o péssimo)". Esse era o cerne do meu texto, não um rating de incompetência, má-fé, ou incapacidade. Essas conhecem variações de uns para os outros e ainda para os muitos outros que não "foram fotografados".