09 dezembro, 2017

Jerusalém, Capital de Israel



JERUSALÉM,
CAPITAL DE ISRAEL
 
Jerusalém, vista através da estrela de David.
in “The Economist” em www.economist.com

Vinte e dois anos após a aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos do Jerusalem Embassy Act, que reconhecia Jerusalém como capital de Israel, os EUA oficializaram, finalmente, o seu reconhecimento, tendo o Presidente Donald Trump anunciado a mudança da embaixada de Telavive para Jerusalém.

Estou ciente que o meu regozijo me deixa numa minoria. Não é a primeira vez e não será a última. Previsivelmente e como milhentas outras coisas que sucedem nas Relações Internacionais e até na vida interna de muitos países, esta notícia que nem sequer é inesperada, gerou uma nova vaga de angústia e histeria injustificadas.

A situação:

1- Até ver, cada país escolhe a sua capital e Israel escolheu a sua há muito tempo, em 1949 e Jerusalém tem sido não apenas a capital designada, mas também a capital de facto onde estão sedeados o Knesset, o Governo e o Supremo Tribunal.

2- Não obstante, no caso de Jerusalém existe um contencioso quanto à posse da parte oriental da cidade que torna o assunto particularmente sensível.

3- O ponto anterior é agravado pela envolvente geopolítica, religiosa e emocional do conflito Israelo-Palestiniano em geral e por Jerusalém em particular.

4- Porém, não é provável que as consequências sejam graves e muito menos catastróficas.

A perspectiva:

5- A causa palestiniana há muito que caiu nas prioridades da generalidade do mundo árabe. O Irão, o Xiismo, as guerras na Síria, Iraque, Iémen e Líbia, as revoluções no Egipto, os diversos terrorismos, a queda do preço do petróleo, a reconversão económica, a evolução da política e da estratégia americana no Médio Oriente, constituem um rol de prioridades que ultrapassaram a Palestina. Consequentemente, o mais provável é que países como a Arábia Saudita, o Iraque e os Emiratos Árabes Unidos vocalizem o seu protesto, horror e repúdio, mas com poucas consequências práticas.

6- As reacções dos não-Árabes (Irão e Turquia) serão porventura mais veementes e consequentes, mas nenhum tem a vontade e/ou a capacidade e/ou a margem de manobra para castigar esta decisão de forma relevante.

7- No plano das consequências, a Jordânia é, efectivamente, o elo mais fraco devido à sua história (potência administrante de Jerusalém Oriental até 1967), à sua geografia (longa fronteira com Israel e com os Territórios Palestinianos) e demografia (perto de metade da população é palestiniana) e poderá conhecer alguma instabilidade.

8- A ameaça ao processo de paz é um argumento risível dado que o processo de paz não existe. Está morto, só falta enterrá-lo. Curiosamente, Trump prometeu ressuscitá-lo. Ah, foram os Palestinianos que o abandonaram há 3 anos. E não consta que Trump estivesse envolvido.

9- Terrorismo. Já existia, existe e existirá. Pode haver algum incremento de ataques terroristas? Pode. Aliás, essa é a tendência prevalecente desde o início do século XXI. Também é quase certo que vários ataques que já estejam a ser planeados sejam apresentados oportunisticamente como retaliação a esta medida. De qualquer forma, o Estado Islâmico, a Al Qaeda, o Hamas, o Hezbollah, etc, não precisam de um pretexto novo ou específico para atacar. They just do it.

O que se pode esperar então?

Manifestações, muitas das quais violentas, uns quantos profetas da violência como modo de vida e meio de promoção pessoal, como é o caso de Ismail Haniyeh, líder do Hamas; os media, primeiro a induzir a violência e depois a fazer uma cobertura ad nauseam do que efectivamente ocorra, pequeno, ou grande. E, é claro, haverá o habitual fogo de artifício vindo da Faixa de Gaza, seguido das respectivas retaliações. A partir daí, não há certezas, mas creio que não haverá uma grande conflagração, nem uma crise grave.

Três Presidentes dos EUA eximiram-se a dar seguimento a um acto legislativo do Congresso. Donald Trump, durante a campanha eleitoral, comprometeu-se a fazê-lo e, honra lhe seja feita, fê-lo. Jerusalém é a capital de Israel.


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